norte .

 Eras um Norte tão rico, uma cidade com tanto e agora dás-me tão pouco. O que guardas para mim aqui além de dias e dias a pensar em como eras e como estás? São tristes lamurias que ao longo de duas semanas fui coleccionando. Há muito que temia que isto acontecesse, temia ser abraçada pelo Sul para sempre. Não sei se agora não és apenas o meu Norte de visita, de passagem para abraços apertados aos pais, ao Cinzas, à Lúzia e ao Vitorino, à madrinha, aos tios e ao Márcio. Talvez o presente esteja destinado ao Sul deste país, ou fora, não sei, afinal agora nada é meu. Os que cá ficaram, que poderam ficar, que se conseguem manter, nunca saberão o que é ser acolhido e desacolhido. Bem, estou de abalada lá para as terras de dona Leonor, talvez volte mais tarde para os tais abraços saudosos e apertados, para um passeio solitário pelo fresco nortenho e quem sabe um café com o de sempre, amigo David.



 celina da piedade ; roubei-te um beijo